quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dylan

Hoje pela manhã estava lendo um artigo no qual um colunista escrevia sobre o show de Bob Dylan. Ao final, comentando sobre o preço abusivo dos ingresso ele disse: “”Apesar do preço, decidi ir porque minhas duas filhas adolescentes estavam desesperadas para vê-lo antes que esteja velho demais para seguir adiante. Elas cresceram ouvindo Dylan e sabem quais músicas gostariam de escutar ao vivo.”
Imaginei-as ouvindo Dylan para dormir, talvez porque eu mesmo colocasse Beatles, Pink Floyd, Bob Dylan e Neil Young para os meus filhos dormirem. Não só para dormir, mas para acordar, almoçar, estudar e todos os demais verbos que compõem a nossa vida. Hoje nas suas discotecas eles convivem lado a lado com os demais músicos de sua preferência. Ou melhor, com os demais músicos. Sei que lá no fundo, quando querem algo mais, eles param para ouvir as baladas dos Beatles, o som conceitual e inigualável do Floyd, os poemas atávicos declamados com a voz rascante de Neil Young e as letras infinitas disparadas pela voz anasalada do Bob.
Lembro-me de minha adolescência quando havia algo denominado conflito de gerações. Todos estes acima representaram o nosso grito de independência. Eles diziam tudo o que gostaríamos de dizer, mas não tínhamos espaço da Internet para sermos ouvidos...
Onde entra o Dylan? O Dylan está fora da curva dos demais gênios. Suas letras extremamente contemporâneas, influenciadas diretamente por Walt Withman (entre outros) extraem o suco do inconsciente coletivo da humanidade. Ou quem (que algum dia teve contato com sua música) não se lembra de “Blowin the Wind” quando alguém lhe faz uma pergunta irrespondível???
Há dois filmes disponíveis sobre Dylan. Um deles é ”I’m not there”, uma frase escrita na porta da casa, interpretado por vários artistas diferentes, uma alusão a sua camaleônica performance ao longo de sua vida. O outro é com ele mesmo, uma espécie de documentário feito por seu amigo Martin Scorcese, um dos poucos a ter acesso direto a ele. Neste conseguimos entender um pouco mais o enigma e como ele navegou pelo caudaloso, suave, revolto e sereno rio da existência.
Para ele não há margens.
Há apenas o rio.
E isso é tudo.

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