sexta-feira, 22 de maio de 2009

Descaminhos

Pergunta:
Deva, como seria traduzir Awareness na frase: There is one Awareness, one Consciousness, one energy, one Existence. If you don't hear this in everything I say, you're not hearing me yet?
Para mim, Consciousness é consciência, que pode se referir a ter consciência sobre o lugar em que estamos (sentidos alertas) ou a consciência de si mesmo (entendimento de que estamos vivos). Mas não dá pra transformar em "ter a consciência pesada" em "to have a heavy conciousness" por exemplo. Neste caso seria "to feel guilty" (sentir-se culpado). Awareness pode ser: consciência, reconhecimento, realização, entendimento, insight, apreciação, familiaridade, apreensão, compreensão, aprendizado formal... ufa! Há que se ligar no Espírito para conseguir realizar o que o sujeito quer dizer de acordo com o momento.”

Resposta:
Caro, traduzir a frase não significa entende-la. E entende-la não significa integrá-la. Integração não é um movimento de quem entendeu. Ela simplesmente acontece...

Não importa o que significa a frase, pois ela está solta e fora de contexto, sendo impossível saber o que o emissor estava querendo dizer. Pinçando palavras isoladas, Consciousness seria o Sujeito de que falamos anteriormente, aquele onde todos os objetos acontecem. Mas não é um sujeito, de fato. Não pode ser, esta é apenas uma forma de apontar. Que necessariamente tem que ser “dropada” em algum momento. A frase fala em um de cada (one Awareness, one Consciousness, one energy, one Existence) como se acontecessem em separado (ou ao mesmo tempo, o que dá no mesmo). Ele mistura alhos e bugalhos e vários "ones"... Mistura "Aquilo" com seus "atributos"... É muito, mas muito mais simples do que isso (e talvez por isso, tão difícil de ser aceito). Fico com o Nisargadatta Maharaj: “Consciousness is all there Is”. Isso não simplifica? Talvez sim. Talvez não. Mas todo o resto são variações sobre o tema.

Poderia dizer que "consciousness" é totalmente diferente de "Consciousness". Uma ("c") se refere a consciência mental ou aquela corporal (espaço onde estamos ou o império dos sentidos), algo que o emissor da frase propõe melhorar em seus trabalhos (ele não criou o bodywork?). A outra ("C") não se refere a absolutamente nada e não pode ser percebida por nenhum sentido. Nem melhorada! E é tudo que é. A consciência depende de entendimento e esclarecimento. A Consciência não precisa nem depende de absolutamente nada. Ela já é.

Em "awareness" não há nenhum "Eu verdadeiro" para ser encontrado, pois... quem o encontraria?

Aqui em Arupa apontamos para isso, usando algumas ferramentas. Eventualmente o Temazcal. Mas ele é apenas uma ferramenta. Melhor? Pior? Nem melhor nem pior. Não é um fim em si. Como a meditação, por exemplo. Ele aponta para uma pergunta, a única pergunta que merece ser feita: "quem sou eu?". E a resposta à esta pergunta não está onde você pensa que está. Nem pode ser obtida por aquilo que pensa. Este é o paradoxo. Não há caminho nenhum que te leve a um lugar diferente do que você está, agora. Nem vermelho, nem de nenhuma cor. E é com isso que "temos" que lidar. Não há fórmulas. Não há regras. Não há estrutura. O que quer que seja que sugira um processo para obter algo está fadado ao insucesso. Há um salto a ser dado. E este salto é para fora do conhecido. Para dentro do desconhecido. Osho falava em "salto quântico". Perfeito! Não é um aprendizado. É um total e absoluto “des-aprendizado”. Enquanto isso não "acontecer", quem procura/busca vai continuar fazendo vista grossa e postergando seu acordar, trilhando apenas caminhos conhecidos. Arupa é exatamente o oposto. É o total e absoluto descaminho. A resposta não é encontrada ao final de nenhum caminho. Nem no meio. Ou no início. Você não é nenhum caminho, aliás. E não há nenhum mapa que leve até você. Você nem mesmo é aquilo que está buscando... : )

3 comentários

pensar disse...

......

HAROLDO disse...

Realmente é esclarecedor! Assim não tem como confundir, pois o pensamento, que sempre tenta unir partes separado em um Unidade ideal é descartado completamente. E "olho" que não há ninguém descartando o pensamento...

Andrea disse...

Deva, eu tinha algumas duvida. Entendi que duvidas fazem parte de uma construçaum e que ela é baseada na confusaum. Mas não entendi como desconstrue esta confusaum. Quando leio entendo mas quando penso sobre o assunto volta a ficar confuso. É complicado assim mesmo? beijo, andrea

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