sábado, 2 de maio de 2009

Dia do trabalho

A palavra trabalho, tem sua origem no latim ("tripalium"), cujo significado é "três paus", um instrumento de tortura medieval. No inconsciente coletivo do mundo ocidental, trabalho é considerado como algo extremamente torturante e sem outro propósito que não seja o de conseguir o sustento diário. Nas férias dos "trabalhadores" acontece um fenômeno interessante. Primeiro uma dificuldade de desacelerar, uma sensação de ressaca como se todos estivessem, até o momento da entrada em férias, "bebendo uma bebida amarga, tragando a dor e engolindo a labuta". Muitos chegam a dormir por vários dias até conseguirem "regular a lenta". Tem início, enfim, o período de vida mais ansiosamente aguardado. Nos 20 dias que restam, a vida é exatamente como ela deveria ser, ou ao menos deveria. As coisas não saem exatamente como o planejado, mas enfim, isso também faz parte das férias. Mas como tudo que é bom, as férias também acabam. E lá vão todos hibernar por mais onze meses até o próximo período da "vida como ela deveria ser". Isso foi o que nossos pais nos ensinaram. E os pais de nosso pais numa transmissão cultural sem um final à vista . Nunca investigamos nem questionamos isso de forma séria e honesta. O resultado que vamos encontrar talvez seja algo que não gostaríamos de ver. Ou de aceitar...
Nossa cultura não é questionada de uma forma profunda. Nem superficial. As diferenças capital e trabalho, o conflito aparente, são diferenças periféricas. O trabalho quer ficar com o capital e o capital quer um trabalho com menor valor possível, pois aí está o lucro final. Consumo e produtividade fazem parte deste mesmo contexto maquiavélico. Todas as novidades metodológicas que aparentemente visam melhorar a qualidade de vida do trabalhador e da comunidade em geral, na verdade são apenas formas de acomodação cada vez mais sofisticadas do "status quo" - vender rapidamente cada vez mais supérfluos. Elas não questionam profundamente o que existe na base do relacionamento entre empresários e operários de todos os níveis. Na verdade, elas não questionam nem o trabalho em si!
Independente disso, uma quantidade cada vez maior de pessoas está saindo do "mainstream" da loucura coletiva que assola o mundo. Um número cada vez maior de comunidades alternativas ao que está posto surge dos escombros de uma sociedade falida em seus propósitos de bem-estar coletivo. Independente do credo e do sistema de governo, a sociedade tradicional está baseada num sistema de crenças feudal, baseado no poder temporal e na sua transmissão familiar. Estas novas sociedades que surgem, à margem desta, privilegiam a individualidade como sendo a base de uma sociedade mais justa. O conceito de família, apesar do que possa parecer, está sendo ampliado, pois os limites antigos rapidamente se esfumaçam. Não é a toa que a Igreja, um dos alicerces onde se baseia este sistema velho e carcomido volta a carga para reforçar a família tradicional como sendo o ponto vital de manutenção de uma sociedade... exatamente como está! A mesma família que é uma fábrica de neuróticos, psicopatas e esquizofrênicos.
Paralelamente a esses eventos, nunca se gastou tanto dinheiro em pesquisa de medicamentos contra a depressão e doenças a ela vinculadas. O processo é quase uma comédia: a sociedade cria a doença, alimenta-a e provê a forma de curá-la. De preferência gerando lucro aos "salvadores". Psicólogos e psiquiatras são os arautos e representantes desta "cura", enquadrando definitivamente seus clientes na "roda de samsara" social. São criados os "ajustados". Os "normais".
Bush é um destes "ajustados". Tony Blair é outro. José Sarney, o papa Bento... Todos estão perfeitamente dentro do sistema e colaborando para sua manutenção...
É cômico. E trágico, como no teatro grego.
Se observarmos com um mínimo de atenção a esta "peça" veremos que este sistema é na verdade uma ditadura dos mortos. Considera acontecimentos e regras passadas, mortas, como base para definir os passos a serem dados no incerto e improvável futuro...
O presente é desconsiderado. Nem há um mínimo movimento para vive-lo. Toda a energia é gasta em julgar o que passou e planejar o que virá.
Enquanto isso, como dizia meu amigo Lennon, a vida acontece.
(Deva - mai/2008)

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