"... você tem uma série interminável de idéias sobre as coisas. Você acha cruel quando um puma mata um filhote de alce para se alimentar. Você pensa que todos os pássaros deveriam se abrigar da neve do inverno, pois um grande número deles acaba morrendo. Você gostaria que as pessoas tratassem as outras de uma forma mais delicada... Você julga que a vida é injusta, pois uns tem mais riquezas do que outros... Você gostaria que seus líderes fossem mais bondosos e ajudassem os desprovidos e não os poderosos. Talvez você não perceba, mas a sua vida inteira tem sido um julgamento das coisas ao seu redor. Tenha paciência e observe! Veja que a sua vida é um constante esperar que as coisas aconteçam à sua maneira, de acordo com a sua visão de mundo. Esta visão, por mais ampla que você a imagine é limitada. E não é sua, de fato! É por isso que digo que você é desatento. Você não integra as coisas que acontecem à sua volta! A vida não acontece para satisfazer os seus ideais, nem os ideais de ninguém. A vida não tem nenhuma idéia. Ela simplesmente acontece. A todo momento. Portanto, deste ponto de vista, ter expectativas é como esperar um barco no meio do deserto..."
(White Goose)
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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Expectativa & barco |
terça-feira, 1 de setembro de 2009
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Conhecimento mortal |
A sociedade onde vivemos valoriza muito o conhecimento. É considerado um grande tesouro, que durante anos é buscado e acumulado. Mas, ou por não ocupar um espaço físico determinado ou por alguma outra razão, sua obtenção parece não satisfazer aquilo que o obtém... A idéia inicial que gerou a sua procura permanece intacta. A busca por mais conteúdo é contínua, ininterrupta... Mesmo com toda a acumulação há uma sensação de que alguma coisa está faltando, algo incompreensível em si. É uma espécie de vício. Quanto mais conteúdo é “consumido”, mais coisas diferentes e exóticas são lidas, mais continua a sensação de não estar vendo o essencial, aquilo que realmente vai preencher ou saciar.
Perfeito!
Conhecimento é obter uma visão de mundo através olhos dos outros, que por sua vez o obtiveram dos outros e assim sucessivamente... Algo como ver através de um vidro sujo! Isso é o que o conhecimento é: algo percebido através de um olho de vidro! Não se pode “ver” o essencial, a origem. É impossível, pois Isso é algo existencial, individual e intransferível! Não é engraçado isso? Todas as conclusões que tivemos até hoje foram baseadas no que vimos através de algo opaco, turvo! Todas as cores, todos os matizes, toda a maravilhosa beleza intrínseca da natureza que nos circunda e daquilo que permite a natureza expressar-se... E é isso que fazemos ao longo de toda a vida, desde a mais tenra idade...
Todo esse desejo de saber mais e mais... Olhamos mas não observamos profundamente as coisas que estão acontecendo ao redor. Comparamos o que vemos com o conteúdo da mente que por sua vez foi obtido da mesma forma, numa espiral teórica e finita. E mais uma idéia é criada, como se fora a fonte de toda a vida... Sabemos de tudo, mas experimentamos verdadeiramente pouco, muito pouco!
Isso se inicia na infância... Toda criança é lentamente envenenada pelo conhecimento... São lentamente distraídas da sua inocência, da sua curiosidade, do seu não-saber, da inteligência original. Crenças são impostas como verdade e toda a força de sua natural confiança e ilimitada inocência fazem com que elas acreditem no artificial, no falso que está sendo transmitido. Talvez por isso elas pouco a pouco se tornem tão tristes. Toda a alegria, todo o êxtase de viver o desconhecido, o novo é esquecida em troca do conhecido. Pouco a pouco elas ficam iguais à multidão adormecida que as rodeia. A isso chamamos “educação”. O momento máximo desta corrida insana é o momento em que uma criança está perfeitamente condicionada, obediente e sem capacidade de pensar por si mesma. Dizemos então que ela está perfeitamente educada. Pronta para ser utilizada pela sociedade de consumo. Ficamos satisfeitos e orgulhosos em saber que ela foi iniciada nas crenças dos seus pais, sem perceber que tudo aquilo que fizemos foi destruir a capacidade delas saberem por si mesmas. Destruímos a sua autenticidade, a sua preciosa inocência. Fechamos suas portas e janelas. Agora elas viverão totalmente protegidas, cercadas por todos os tipos de teorias estúpidas, sistemas de pensamento, filosofias, ideologias e crenças. Elas estarão perdidas em uma selva de palavras e conhecimentos e não poderão sair facilmente disto. O resultado disso tudo? Olhe-se num espelho, honestamente, e você verá...