quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sat-Neto

Hoje pela manhã falei com Gabito (neto de dois anos) ao telefone. Ele perguntou se eu ia buscá-lo para ir para o sítio. Eu respondi que não estava em Porto Alegre e que "amanhã" eu iria buscá-lo. Não foi necessário o silêncio do outro lado da linha para que eu percebesse a inutilidade do que foi dito. Para uma criança, amanhã é um tempo inatingível. Outro lugar que não aquele onde está agora é algo inimaginável. Ele apenas percebeu um grande ”não”. E desligou o telefone...
Conversar com uma criança é uma grande viagem a “Nowhere land”...
Fiquei imaginando como dizer a ele o que seria o tempo. Fisicamente o tempo é a “distância” entre dois instantes. É simples. Einsten disse uma vez que o tempo presente era aquele breve instante que separa o passado do futuro. E que matemáticamente o presente era a confluência de todo o passado e de todo o futuro. Ou seja, o momento que representava tudo o que já havia existido e tudo o que iria existir.
Mas, o que é o passado? E o que é o futuro?
Lembrei-me do Gabito e imaginei que respostas ele daria a estas duas perguntas. Talvez ele dissesse, baseando-se no único momento que ele percebe que o ”passado não é mais” e o futuro “não é ainda”. Não sei. Coisas de avô, pois crianças não lidam com o abstrato. Acho que ele ficaria me olhando por um instante apenas e logo voltaria a brincar...
Confiando no Gabito, isso significaria que passado e futuro são dois eventos que não existem. São no mínimo dois eventos não observáveis. Se não são observáveis (e tomando por garantido que apenas o que é observável existe para o Gabito) este dois eventos – passado e futuro - não são reais. O que seria a confluência de dois eventos não reais, então? Como o tempo (enquanto evento) pode existir se é impossível a sua observação?
Gabito não usa toda esta lógica. Crianças não usam toda esta parafernália colocada a disposição do homem adulto. Mas ele sabe. Apenas sabe. E apenas age de acordo. Ele é a expressão d’Aquilo que todos buscam ao entrar num mosteiro Zen, por exemplo, na busca pela paz e pela felicidade. Apenas responde ao que está posto. E nisso está a expressão da paz, mesmo quando está dando uns cascudos no seu irmão menor... :)
A resposta está nas crianças, numa frase dita há séculos: “deixai vir a mim as criancinhas, elas são o reino dos céus”.
Não tem a ver com a criança em si, mas com o estado de presença que sai pelos seus poros, atos, silêncios e palavras.
Sem tempo medido.
Agora!
Gabito, gracias!
Love
Deva

2 comentários

Fatah disse...

Eu aprendo muito com a verdade inocente das crianças, ai vai frases de muita sabedoria ditas por elas....
Tá tão bom estar a qui no hospital, o pai está junto comigo, ai ele tem tempo para me olhar e me dar carinho......
O gato está no fim do carro ( isso quer dizer que o gato estava deitado embaixo do carro na parte traseira)
A vida é uma história sem fim.....
Estou brincando com os cabelinhos do vento...
Depois que a mãe arrumou um namorado ela não me bateu mais......ai ela ficou bem e eu mais ainda...
frases de crianças de 2,3,4 anos, pode freud?...

Anônimo disse...

Netos...

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