domingo, 5 de julho de 2009

Mastering

Há no ocidente uma expectativa exagerada dos buscadores a respeito da figura de um mestre. Maestria não faz parte da nossa cultura e apenas nos são repassados relatos, fotos, gravuras, sonhos e devaneios. São exatamente estas idéias que impedem a percepção da maestria acontecendo. Numa lógica da mente, se o objeto não corresponde ao idealizado, ou desejado, ele é imediatamente descartado. Não é claro que alguém que se enquadre à qualquer demanda não possa ser um Mestre. Pode ser um “pop star”, um galã de novelas ou um artista de cinema...

A Maestria verdadeira é desconhecida. Temos padres, professores, psicólogos, psiquiatras e toda uma gama de ”past driven minds”. Mas não há mecanismos para identificar um Mestre verdadeiro...

Na presença de um Mestre você não fica incólume. Ou se entrega definitivamente, algo raro, ou resiste, critica e agride...

Na relação professor/aluno há uma transmissão de conhecimento. Na relação Mestre/discípulo não há nenhuma transmissão. Ou melhor, há uma “transmissão especial”, que só é possível com a desconstrução total do complexo mental construído ao longo dos anos. Com o abandono do conhecido. Isso é algo inadmissível para aquela construção que tenta manter o controle.

A relação mestre/discípulo é uma relação rara. Ela não é baseada no conhecido, na atração química ou no amor. É inexplicável como a origem dos pensamentos e insana como a mais doce loucura infantil. É baseada na confiança que emana do Amor.

O professor sabe sobre todas as coisas conhecidas. Sabe até sobre Deus e ministra longas aulas sobre o assunto.

O Mestre apenas é. Não sabe das coisas, pois não percebe nenhuma divisão entre elas. Ele apenas tenta lhe mostrar o que você é através de si mesmo. Mas ele também “sabe” que Isto é algo que não pode ser aprendido. Nem transmitido. Talvez seja esta a razão do sorriso enigmático das imagens de Buda. Talvez seja esta a razão da sua extrema compaixão. Pois paradoxalmente, não há relacionamento entre Mestre e discípulo. O Mestre sabe disso. O discípulo, não.

1 comentário

Anônimo disse...

este 'post' foi o que mais gostei. acabei de voltar de um retiro onde havia meditacao zazen e conversas diarias com um monge. no inicio ele parecia um professor. no final vi que ele era mais do que isso. ao ler seu artigo entendi o que era. muito obrigado a voce e a shirlei, que me indicou a sua leitura. Abraco forte. Anselmo

Postar um comentário

Esqueleto by UsuárioCompulsivo :: Design by Priya :: BlogBlogs.Com.Br ^