quinta-feira, 25 de junho de 2009

About Tibet

Shopping Center. Meio da tarde. Cafés lotados. Barulhentos. Encontro casual. Ela conta que estava retornando de um retiro no Tibet. Já estava com saudades. “Aquilo sim era vida!”. Aqui, no barulho da cidade ela parece não saber o que fazer. Estava se sentindo deslocada. “Você precisa ir para lá. Você precisa ir lá e viver o que é possível, real e verdadeiro! Aquilo sim, que é vida! Lá eu me encontrei com a minha verdadeira natureza, com o meu eu interior. Volto para lá assim que possível!”

Interessante... Há a tendência de tentar manter as coisas boas e evitar as consideradas ruins. Apego ao método que aponta ao invés de viver o que está sendo apontado.

Ao comer uma laranja, uso uma faca para descascá-la. Depois de usá-la coloco-a de lado. E como a laranja. A faca cumpriu o seu papel. Qual o sentido de continuar com ela na mão? Ou lembrar a faca quando estiver com fome? Quando vou atravessar um rio, uso um barco. Ao chegar à outra margem eu o deixo. Ele cumpriu o seu papel. Qual o sentido de continuar com ele em terra firme? Ao escrever, palavras são utilizadas numa determinada ordem, para comunicar o que quer que seja. Depois, são largadas. Elas cumpriram o seu papel. Qual o sentido de ficar se lembrando de cada uma delas? Se for preciso apontar a lua, uso o dedo, durante a noite. Apontar o dedo para o céu durante o dia só pode ser útil para apontar o sol. Ou nuvens. Ou pássaros. Ou aviões... O dedo serve para apontar algo. Ele cumpre o seu papel. Qual o sentido de manter o dedo apontado para o alto o dia inteiro?

Quando for o momento de perceber o real e verdadeiro, eventos, retiros, cerimônias ou locais especiais podem ser úteis para apontar e ajudar a perceber. Após, podem ser deixados de lado...

Para viver não é necessário esperar por um tempo e por um lugar, seja lá onde e quando for. Vive-se agora, pois... Não há outro momento para isso!!! É agora. Não precisa ir ao Nepal ou Himalaia. Aqui é suficiente...

Como Alice, o ponto é apenas seguir o coelho... Bem ali. Se não...



Ali...
Se só,
ali
se dá

Ali

Se ali se dá

Só ali se tem


Se ali...
se ali se visse,
como ali se viu
o que ali se tem...

Se ali se olha

Ali se vê

Se ali se vê
ali se acorda.

Ali...
se bem ali...
se só ali

Se é, ali
se é...

Agora!

2 comentários

pensar disse...

Sensacional o jogo das palavras, adorei a poesia.
Poesistindo Mari

Anônimo disse...

O problema é que alguem convenceu a moça de que ha um alguem que tem que encontrar sua verdadeira natureza; o que, apesar de nâo ser uma inverdade absoluta, é no minimo uma prerigosa armadilha...
A propria pergunta "quem sou eu?" provoca uma certa confusão, visto que nâo ha um quem se não um "que"...
Linda a poesia!
Ali se é o que... éh!
Muito boa.

Postar um comentário

Esqueleto by UsuárioCompulsivo :: Design by Priya :: BlogBlogs.Com.Br ^