domingo, 21 de junho de 2009

Espírito da coruja

Ultimamente estou possuído pelo espírito da coruja. Não falo nem escrevo muito... Em comprensação, presto uma atenção!!! Entre as coisas observáveis estão os vários grupos na Internet. Em várias línguas. A globalização das idéias e conceitos. Uns técnicos. Outros de cunho sociológicos, políticos ou religiosos. Alguns de buscadores espirituais (seja lá o que isso signifique). Em todos, um fio condutor padrão. Apesar das diferenças de linguagem e/ou cultura, o que está por trás de todas as manifestações ali contidas é aquela velha e conhecida figura, onipresente e irreal. Ainda me surpreendo com os truques por ela usados para se manter no controle. Surpreendo-me ainda mais com a falta de sutileza destes truques. Apesar de sutis como um elefante numa loja de cristais e ruidosos como um bando de caturritas não são identificados ou percebidos... Com um pouco de atenção é fácil intuir o porquê disso. O gerador do engano não consegue fazer nada consigo mesmo... É uma espécie de dança dedicada a manter as aparências...

O assunto dos últimos tempos no grupos de buscadores espirituais (às vezes me parece que há um maestro poliglota e brincalhão por trás de tudo o que acontece, regendo as manifestações mais desprovidas de lucidez) é a procura do mestre perfeito. O mestre é tão pessoal, que a partir desta sua idealização – não efetivada – emanam várias manifestações pseudo-maestrinas destes buscadores. É a manutenção da Matrix pelos seus próprios integrantes. Perfeito moto-contínuo!

Sobre isso pensava hoje pela manhã na sala de espera de um aeroporto ao ver circular milhares de potenciais propagadores do engano...

O ponto comum em todos (dentro deste grupo dos buscadores) é a expectativa ou um desejo sobre como deveria ser a figura de um mestre. Tal qual a imagem física de Jesus aceita ao longo dos séculos (imagem aliás que não tem nada a ver com os nativos da região da Galiléia, mas ótima para os filmes) a imagem de um mestre ficou atrelada a imagem dos mais conhecidos (Buda, Papaji, Osho, Mooji, etc).

De qualquer maneira, a função do mestre não é compreendida. Mesmo os cristãos se esquecem que o discipulado está na raiz do cristianismo desde que Jesus de Nazaré reuniu os apóstolos ao seu redor e começou a questionar as suas crenças e dogmas. O fenômeno da orientação espiritual é onipresente em todas as formas de busca que envolva uma verdadeira busca de si mesmo.

A proposta de qualquer mestre verdadeiro é “desconstruir” o (cuidadosamente construído) senso de “realidade” e sistema de crenças individual, uma porta para que se descubra a realidade que se encontra por baixo ou além de todos os sistemas e símbolos. Esse processo de desconstrução, no qual todo o significado é transcendido, assemelha-se à loucura. Por outro lado, este caminho é de uma riqueza inimaginável de descobertas e possibilidades.

A tarefa do mestre, portanto, é apenas facilitar a descoberta da irrealidade da mente pela própria mente. A isso se dá nome de transcendência. Ou qualquer outro nome, na verdade, pois o que menos importa quando isso ocorre é como isso é chamado..
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2 comentários

Unknown disse...

É a primeira vez que leio um texto teu no blog. Já havia lido alguns enviados por e-mail. O que mais me intriga é que mesmo quando escreves algo novo parece que eu já sabia. Depois de dito parece óbvio, ou melhor, é óbvio, mas esqueço. Esqueço o que não sabia, mas depois de lido percebo que havia esquecido. Tenho que prestar mais atenção ou parar de prestar atenção, sei lá.
Quanto aos mestres, somos todos, inclusive o perfeito.
Obrigado por lembra-me.
Abraço
Anutosh

Haroldovargas disse...

Ler isto, traz a simplicidade à tona! Desmistifica a figura do mestre, ao mesmo tempo que não serve só de reforço para os que estão iludidos e dizem que já encontraram...pois ainda dizem algo (o pensamento que encontrei agora passa a ser a nova crença) e não permitem o confronto!
Que maravilha...
Obrigado amado mestre, amado amigo!

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