Ultimamente estou possuído pelo espírito da coruja. Não falo nem escrevo muito... Em comprensação, presto uma atenção!!! Entre as coisas observáveis estão os vários grupos na Internet. Em várias línguas. A globalização das idéias e conceitos. Uns técnicos. Outros de cunho sociológicos, políticos ou religiosos. Alguns de buscadores espirituais (seja lá o que isso signifique). Em todos, um fio condutor padrão. Apesar das diferenças de linguagem e/ou cultura, o que está por trás de todas as manifestações ali contidas é aquela velha e conhecida figura, onipresente e irreal. Ainda me surpreendo com os truques por ela usados para se manter no controle. Surpreendo-me ainda mais com a falta de sutileza destes truques. Apesar de sutis como um elefante numa loja de cristais e ruidosos como um bando de caturritas não são identificados ou percebidos... Com um pouco de atenção é fácil intuir o porquê disso. O gerador do engano não consegue fazer nada consigo mesmo... É uma espécie de dança dedicada a manter as aparências...
O assunto dos últimos tempos no grupos de buscadores espirituais (às vezes me parece que há um maestro poliglota e brincalhão por trás de tudo o que acontece, regendo as manifestações mais desprovidas de lucidez) é a procura do mestre perfeito. O mestre é tão pessoal, que a partir desta sua idealização – não efetivada – emanam várias manifestações pseudo-maestrinas destes buscadores. É a manutenção da Matrix pelos seus próprios integrantes. Perfeito moto-contínuo!
Sobre isso pensava hoje pela manhã na sala de espera de um aeroporto ao ver circular milhares de potenciais propagadores do engano...
O ponto comum em todos (dentro deste grupo dos buscadores) é a expectativa ou um desejo sobre como deveria ser a figura de um mestre. Tal qual a imagem física de Jesus aceita ao longo dos séculos (imagem aliás que não tem nada a ver com os nativos da região da Galiléia, mas ótima para os filmes) a imagem de um mestre ficou atrelada a imagem dos mais conhecidos (Buda, Papaji, Osho, Mooji, etc).
De qualquer maneira, a função do mestre não é compreendida. Mesmo os cristãos se esquecem que o discipulado está na raiz do cristianismo desde que Jesus de Nazaré reuniu os apóstolos ao seu redor e começou a questionar as suas crenças e dogmas. O fenômeno da orientação espiritual é onipresente em todas as formas de busca que envolva uma verdadeira busca de si mesmo.
A proposta de qualquer mestre verdadeiro é “desconstruir” o (cuidadosamente construído) senso de “realidade” e sistema de crenças individual, uma porta para que se descubra a realidade que se encontra por baixo ou além de todos os sistemas e símbolos. Esse processo de desconstrução, no qual todo o significado é transcendido, assemelha-se à loucura. Por outro lado, este caminho é de uma riqueza inimaginável de descobertas e possibilidades.
A tarefa do mestre, portanto, é apenas facilitar a descoberta da irrealidade da mente pela própria mente. A isso se dá nome de transcendência. Ou qualquer outro nome, na verdade, pois o que menos importa quando isso ocorre é como isso é chamado...
domingo, 21 de junho de 2009
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2 comentários
É a primeira vez que leio um texto teu no blog. Já havia lido alguns enviados por e-mail. O que mais me intriga é que mesmo quando escreves algo novo parece que eu já sabia. Depois de dito parece óbvio, ou melhor, é óbvio, mas esqueço. Esqueço o que não sabia, mas depois de lido percebo que havia esquecido. Tenho que prestar mais atenção ou parar de prestar atenção, sei lá.
Quanto aos mestres, somos todos, inclusive o perfeito.
Obrigado por lembra-me.
Abraço
Anutosh
Ler isto, traz a simplicidade à tona! Desmistifica a figura do mestre, ao mesmo tempo que não serve só de reforço para os que estão iludidos e dizem que já encontraram...pois ainda dizem algo (o pensamento que encontrei agora passa a ser a nova crença) e não permitem o confronto!
Que maravilha...
Obrigado amado mestre, amado amigo!
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