P: existem tipos diferentes de consciência? Compreensão e consciência são a mesma coisa? Quem sou eu, de verdade?
Há uma certa confusão quando tentamos comunicar algo para alguém que não esteja familiarizado com o assunto ou com a forma como este assunto é tratado. Cada "tribo" (médicos, engenheiros, programadores de computador, budistas, sannyasins, cristãos, psicólogos) tem a sua forma de comunicar, com termos que só são entendidos dentro do seu círculo de relações. Mesmo ali, dentro do círculo, a confusão continua.
Por exempo: na maioria das vezes o que vem à mente quando se ouve a palavra consciência é algo como comprovar existência a algo. Num nível mais profundo, compreensão, lucidez, clareza. E este entendimento está correto, sob o ponto de vista da mente. Quando falamos de Consciência este entendimento não serve mais. Por mais informações que nos cheguem sobre este assunto apenas podemos ter uma idéia do que Isso seja. Acontece que para Isso, definições/idéias não se aplicam, por não existir uma mente que o abarque... Há que ter uma experiência direta e esta experiência direta somente se dá com a eliminação da percepção da dualidade. Nesta eliminação abre-se a porta para uma compreensão. Mesmo assim, esta compreensão mostra apenas uma pálida idéia do que seja a Consciência. E, Consciência definitivamente não é uma pálida idéia.
O que seria a Consciência, então? Simplificando e usando um pouco de lógica básica, poderíamos dizer que, na visão sujeito-objeto, Consciência seria o sujeito. E coisas (todas elas, incluindo a consciência) seriam objetos. Mas que sujeito é esse? Os místicos dizem que Consciência é tudo o que é, mas isso às vezes pode parecer meio etéreo. É claro que "entendemos perfeitamente" quando filmes, livros e professores dizem que "somos todos Um". Mas não tenho muita certeza da clareza deste entendimento, até porque entendimento significa que uma mente capturou algo compatível com o seu sistema de crenças e conteúdos e Isso não é algo contível por alguma mente. Não há como definir os limites do sujeito, então?
Os neo-físicos são mais claros, como Amit Goswami, quando definem o Universo como "auto-consciente", ou seja, nele sujeito e objetos se confundem. Mas como "todos" poderiam ser um? Todos não dá a significação de diversidade? Onde e quando nos juntamos para sermos um só? Ou não estamos separados? Mais: o Universo (conceitualizado por cada um de nós - objetos) não seria outro objeto?
Pois é... Para facilitar e ajudar na formulação das respostas podemos começar definindo o que são objetos percebidos. São coisas que aparecem e desaparecem todo o tempo. São os eventos que definem todos os objetos observáveis e que aparecem e desaparecem, ou seja tudo aquilo que tem um início e um fim. Nestes eventos estão corpo, mente, um Banco de dados que a mente usa (memória) e o resto todo percebido, que para efeito deste raciocínio podemos chamar de... mundo. Mente, memória, corpo e mundo aparecem como pensamentos, sentimentos, e sensações. Estes aparecimentos são todos eventos que surgem em algum lugar. Por outro lado, um evento, pelas razões óbvias, não pode atingir algo fora de si mesmo, pois, se atingissem, a junção dele com algo de "fora" daria outro evento!! Usando o mesmo critério eventos não podem apontar um ao outro, tocar um ao outro ou conter um ao outro. É somente a memória que indica que alguma vez houve outro evento. Mas memória em si não é nada além de um pensamento que é... um outro evento! Verdadeiramente um evento não pode apontar nada para trás ou para adiante. Assim não há verdadeiramente nenhuma prova que houve até mesmo dois eventos. Se não pode haver dois eventos, como pode existir um?
O que sobra?
Algo que transcende e engloba todos os eventos, aquilo que é o pano de fundo de todos os eventos e que é a origem e a natureza primordial de tudo: a Isso damos o nome de Consciência!
E onde entra o onde e o quando somos Um? Bem, onde nos remete a lugar, um lugar que não pode ser vinculado a nenhum espaço e nem ter início e fim, pois senão seria apenas mais um evento. A palavra que descreve este não-lugar é... aqui! Da mesma forma, quando não pode definir um tempo, pois isso teria um início e um fim e isso, por definição, seria apenas mais um evento. A palavra que descreve não-tempo é... agora!
O "todos um" de que falam na verdade é apenas "Um" que acontece sempre e somente num "não-espaço/tempo" que todos falam mas não sabem o que é, chamado aqui-agora! Caramba! A Consciência é Aquilo que é no infinito aqui e no eterno agora!!! E aqui-agora é, por tudo o que foi dito acima, a única realidade auto-evidente, ou seja, que não precisa de comprovação para ser! E neste "não-espaço/tempo" nenhum evento acontece. Eis a razão da Unidade...
O mais maluco de tudo isso é que nos identificamos com... eventos! José da Silva, homem, branco, engenheiro, marido, pai, eleitor, poeta, etc., são apenas eventos acontecendo, sem comprovação alguma, a não ser por outros eventos, que por sua vez não podem ser comprovados por nenhum outro eventos a não ser pelo uso de outro evento chamado... memória (que por sua vez, como todo evento, não é auto-evidente). Parece demolidor, não é mesmo (pelo menos para os eventos)? Portanto, compreensão e consciência podem ser a mesma coisa, pois como dizia Mario Quintana, "a gente pensa uma coisa, escreve outra e quem lê entende uma terceira coisa. Enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."
Consciência é mais simples: é tudo o que é... É o que Você é. Agora. Há que olhar para o "lugar" certo e "ver". Como? Investigando a natureza dos eventos que acontecem em você. Ao serem investigados serão vistos como verdadeiramente são. Aquilo que Você é permanece sempre disponível, imutável, imperturbável e silencioso.
Love
Deva
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
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Consciência é Isso? Ou Aquilo? |
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
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Busca da Visão |
Nada a procurar, nada a encontrar...
Nem medicina, nem meditação.
Flores abertas, olhos fechados.
O sol em mil gotas
Pedras em mil grãos...
O vento, venta...
A grama, cresce...
Um latido de cão: Uóf...
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
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Qual o caminho? |
não existe distância entre meta e caminho.
Você é o buscador, você é o buscado...
não há distinção entre o buscador e o buscado.
Você é o devoto e você é o objeto de devoção.
Você é o discípulo e o mestre.
Sujeito e objeto.
O princípio e o fim.
A forma e a fôrma.
Este é o grande caminho...
(Deva)
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
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Occam e os buscadores espirituais |
Há uma "descoberta" de um cientista/filósofo chamado William of Occam que diz que a melhor explicação para um determinado problema é a mais simples. Por que não aplicar esta teoria nas principais questões dos buscadores? Satyam Nadeen sugere algo similar a isso em seu livro "From Seekers to Finders":
Os buscadores, de todos os matizes, têm metas e objetivos a alcançar. E elas definem o que devem fazer em suas vidas na Terra:
- abraçar sua consciência e viver de acordo com ela;
- criar consciência nos outros;
- iluminar - nessa vida;
- ajudar os outros;
- aumentar suas virtudes;
- se livrar de vícios;
- ser responsável;
- fazer escolhas corretas;
- obedecer as leis (todas elas!!!!!)
- apaziguar Deus;
- ser bom ( todos os dias, de todas as maneiras)
A solução (mais simples) talvez seja a que segue:
1.-Perceber que estamos aqui pra celebrar e aceitar a vida exatamente como ela é. Tudo está exatamente como deveria estar, para a experiência única e individual do mecanismo corpo e mente.
2.-Aceitar todas as emoções. Elas são feitas pra serem experimentadas. A vida é enriquecida por todas as experiências. Julgá-las positivas ou negativas apenas contribui para a manutenção do engano.
3.-Simplesmente seja!!!!!!! Não faça nada com um objetivo "espiritual", pois espiritualidade é uma construção da mente e a mente é um mito... Você já é livre, agora!
4.-para melhor entendimento leia novamente os pontos de 1 a 3.
5.-Consciência é tudo que é. E você é Isso. Como Inteligência infinita dançando na terceira dimensão, você não pode errar, acertar, melhorar ou esculhambar o que está posto. Seu destino já foi completado no momento em que este corpo surgiu: ser um veiculo da Fonte para experimentar o mundo tridimensional e toda situação que as emoções causarem.
6.-Você não tem que salvar nem ajudar ninguém, incluindo você mesmo. E você não poderia, nem mesmo que você quisesse. Então, de agora em diante você está absolvido e liberado de ser o "pequeno ajudante de deus".
Pronto. Não é simples?
Boa jornada!
(Satyam Nadeen - From Seekers to Finders)
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
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Who am I? |
The flower doesn´t smell its perfume...
The water doesn´t refresh itself...
The fruit doesn´t taste its juice...
i don´t know who i am...
(Sabhaat)
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
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Don´t stop listening |
"... se eu disser tudo o que você gosta de ouvir, você me aceitará, me elogiará e dirá que eu sou exatamente aquilo que todos dizem que eu sou. Mas isso não vai acontecer, porque não estou aqui para dizer o que você quer ouvir. Então, seu primeiro impulso é rejeitar o que digo. Esta é a parte engraçada, pois você não veio até aqui para ouvir coisas com que concorda. Estas, você já as tem no seu dia a dia. Algo lhe impulsiona e faz com que esteja aqui. Você diz que veio para ouvir falar sobre a Verdade. Se possível, tentar entende-la. O que digo ressoa em você, mas é algo difícil, indigesto e quase impossível de ser aceito. Por uma razão simples: a aceitação do que eu digo é mortal. E apesar de você dizer que quer, na verdade não quer que isso aconteça. Ainda resta um mal-entendido...
O que posso lhe dizer? Apenas... relaxe e continue ouvindo. Se você continuar ouvindo e sintonizar profundamente com o que está além das palavras, você terá razão, em parte: o que você imagina ser você só tem um destino: a morte!"
(White Goose)